domingo, 15 de julho de 2012

“What's life without a little risk-taking?”



Cecília


The Purple Rose of Cairo. Tenho este filme no computador já há algum tempo, mas hesitava ao ver o nome, sei lá, não me interessava. Porém, é famoso, elogiado, do meu diretor favorito, então numa manhã fria de sábado em Curitiba (10ºC) – em que acordei às 8hs sem nenhum motivo – resolvi assisti-lo.
Resumidamente, a história é sobre Cecilia, uma garçonete que trabalha em New Jersey e sustenta o marido durante a Depressão de 1929. Ela vive infeliz e encontra refúgio no cinema ao ver a vida perfeita das personagens. Um dia, após assistir ao filme The Purple Rose of Cairo várias vezes, o mocinho do filme percebe Cecília e atravessa a tela para a vida real, começa uma confusão no filme dentro do filme, e até o ator aparece, formando um triângulo amoroso. Ela precisa escolher entre o ator ou o personagem, mas as coisas não acabam bem para ela. Não vou contar mais, recomendo que assistam.
No início, quando ela ouve várias vezes a seguinte frase,
- It's so impulsive, but…I'll come. Why not? I mean, what's life without a little risk-taking?
pensei que ela tomaria uma atitude para mudar seu rumo, já que o marido não era nada romântico, batia nela, não trabalhava e pegava todo o dinheiro que ela ganhava, mas não foi isso que ela fez. Ela continuou vivendo o tédio que sempre fora a sua vida.
E então percebo que é o que todos fazemos. Temos inúmeros exemplos em filmes, amigos, desconhecidos, mas não saímos do lugar. Continuamos na rotina, no tédio, na zona de conforto.
Será que o mocinho precisa sair da tela para nos acordar e provocar-nos a tomar uma atitude ousada e transformadora? Será que realmente queremos algum tipo de mudança?
Ou talvez preferimos pensar como a Cecília:
Cecilia: I just met a wonderful new man. He's fictional but you can't have everything...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mais sobre Amsterdam...

Todos falam sobre o paraíso livre que é a Holanda, pelas drogas liberadas (maconha) e pela prostituição. Eu me pergunto: isso realmente é liberdade?
Sobre a maconha, não vi nada de mais nas ruas, apenas coffee shops (onde a última coisa que você vai encontrar é café) e muitos produtos feitos de maconha (não provei nenhum). Talvez se eu tivesse saído à noite, aos bares, clubes e afins, ficaria chocada, mas não foi esse o objetivo da viagem.




Sobre a prostituição, isso sim foi algo chocante e a definição do oposto da liberdade.
Não tenho fotos porque é proibido fotografar (apesar de sempre haver gente fotografando discretamente), mas o que posso dizer sobre Red Light District (De Wallen) resume-se na palavra: deprimente. Sei que muitos defenderão e dirão que é apenas um trabalho, que é o mais antigo desde que o homem se diz homo sapiens, mas aqui escrevo apenas a minha opinião.
Vou contar como foi minha experiência.
No nosso segundo dia de passeio, saí com a Flávia para conhecer as tais vitrines, mas como era meio-dia, não havia muitas mulheres, estavam provavelmente descansando da noite anterior. Vimos umas mulheres mais velhas e descuidadas sentadas e fumando enquanto observavam pelos vidros os turistas curiosos.
Continuamos então nossa caminhada, visitamos o museu do Van Gogh, e voltando ao hostel conheci quatro brasileiros e um inglês que estavam combinando uma volta pelo Red Light District à noite.  Topei ir com eles, e saímos às 21hs. Como eu já havia me perdido no dia anterior, fiquei muito mais atenta aos nomes de ruas e pontos de referências, tanto que quem guiou o grupo a pé até lá fui eu (se perdendo e aprendendo).
Havia muitos jovens, mas também casais e famílias andando pelas ruas do De Wallen.

De Wallen (wikipedia)

No início todos acharam engraçado o fato de as mulheres ficarem expostas nas vitrines, admiraram seus corpos bonitos, mas um dos brasileiros notou que havia algo errado, e eu comentei que pareciam travestis. E realmente eram!
De um lado da Oudezijds Achterburgwal havia travestis e, atravessando o canal, mulheres.  Tanto uns quanto outras vestiam lingerie ou biquínis, e ficavam se maquiando, pois não havia o que fazer ali, expostas para turistas ou clientes admirá-las. Algumas batiam nos vidros para chamar atenção, e se você parasse, elas abriam a porta para oferecer seus serviços.
 Não vimos ninguém entrar, mas muitas cortinas estavam fechadas, o que significava que trabalhavam. Eu e o meu novo amigo inglês ficamos incomodados com o que vimos, comentamos sobre o que poderia ter levado essas pessoas a estarem ali, sentimos um ar pesado naquele lugar; enfim, ficamos tristes.
Há muito mais para se ver em Amsterdam – igrejas (há uma no coração do De Wallen, a Oude Kerk), os moinhos, parques, museus, mercado de flores flutuante, zoológico, museu de cera, lojas com ótimos preços (os mais baixos das cinco cidades que visitamos) – mas escrevi sobre maconha e De Wallen porque é a primeira coisa que vem à mente quando se fala na Holanda.
Ainda vou falar sobre os holandeses e a sujeira, mas hoje não.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Amsterdam

Aconteceram muitas coisas legais e outras nem tanto no mochilão que fiz na Europa de dezembro 2011 a janeiro de 2012. Pois bem, hoje vou contar sobre algo não tão legal – o dia em que me perdi em Amsterdam.
Foi no dia 05 de janeiro, uma quinta-feira terrivelmente windy. Eu e minha amiga Flávia já tínhamos visitado Barcelona e Praga, e chegamos a Amsterdam no dia 04. Pois bem, mapa nas mãos e pernas pra que te quero... lá fomos nós... prontas para conquistar o terreno holandês!


Saímos do hostel às 8h, passamos pela Leidseplein, pela Heineken Experience e fomos andando até a Dam Square. De lá caminhamos mais um pouco até a casa da Anne Frank. Foi uma experiência incrível, estar na casa que se tornou esconderijo da família dela durante a II Guerra Mundial foi emocionante.





Saímos de lá e já estava na hora do almoço. Continuamos nossa caminhada até encontrarmos um restaurante, mas a primeira coisa que vimos foi um fast food place, e lá entramos.  Pedimos um lanche e ficamos conversando com o dono da bodega, holandês que não parava de perguntar do samba, Carnival in Rio, e disse que seu sonho era conhecer o Brasil.



E então pegamos nosso Visa Travel Money para pagar a conta, quando o moço disse que só aceitava cash. Educadamente nos explicou onde havia um ATM, e lá fui eu sacar dinheiro. A Flávia ficou no restaurante com nossas sacolas de compras, bolsas, e tudo o mais. Eu saí apenas com a carteira e minha câmera.
Ansiosa para pegar logo o dinheiro e podermos continuar nosso primeiro dia na cidade, saí sem anotar o nome da rua, nem mesmo o nome do lugar onde estávamos, e segui atravessando canais e virando à esquerda e direita, até chegar a Dam Square, onde sabia que tinha visto um ATM.  



E então começou a chover. Eu com o dinheiro no bolso, parei numa loja na Leidsestraat comprar guarda-chuva. Todos ou muito fracos ou muito grandes ou muito caros, acabei desistindo, já que a chuva estava ameaçando parar.
Tentei refazer meu caminho mentalmente. Direita aqui, esquerda ali, “ah, passei por essa loja sim (Illy’s café)”, estava muito confiante, até que percebi que não sabia nem como era a fachada do lugar onde almoçamos. Andei mais uns 15 minutos e... nada! Cada rua que eu entrava via um Illy’s café (deve ter uns 30), e parecia que tudo se repetia, eu deveria estar andando em círculos. 



Já passava das 16h30 (momento em que começou a escurecer) e eu comecei a me desesperar. Vi um casal com mapa nas mãos (o meu estava com a Flávia) e me aproximei pra pedir ajuda. Fiquei com medo de chorar na frente deles e assustá-los, mas eram dois italianos queridos que me emprestaram o mapa pra eu ter uma ideia de onde estava naquele momento. Mas de que adianta saber onde você está se não sabe para onde precisa ir?
Aff...
Agradeci e continuei minha busca. Já estava escuro, e entrei num pub para telefonar no hostel, deixar uma mensagem pra Flávia, avisar sobre o que estava acontecendo...
O moço que me atendeu no pub era um britânico muito atencioso que me emprestou o telefone, a lista telefônica, e nos 40 minutos seguintes abriu mapa na mesa, circulou pontos por onde eu havia passado, abriu google street view no iphone, e comeu a janta fria, só pra me ajudar. Algumas pessoas realmente são anjos enviados por Deus pra nos acalmar.
Pensamos bastante, mas nada conseguimos resolver. Caminhei mais uns 15 minutos, tomei uma segunda chuva (desta vez granizo), e como já eram 18hs, voltei direto ao hostel. Pelo menos até lá eu sabia o caminho.
Meia hora depois, atravesso o lounge e encontro a Flávia toda molhada, com o laptop aberto, pronta pra anotar números de hospitais e polícia local pra me encontrar.
Quando nos vimos, nos abraçamos, chorei, choramos, e ela me contou o que se passou no restaurante. O gerente não queria deixa-la sair de lá, as garçonetes não paravam de falar como a cidade era perigosa, que havia traficantes, estupradores, etc. e que eu já deveria ter voltado, que era pra se preocupar...
Após tantas horas, resolveram liberá-la, e então no dia seguinte voltamos para pagar o almoço.
Ainda não sei a rua nem o nome do restaurante, e acho que nunca vou saber (bloqueei).
Perdemos um dia de passeio, e eu ganhei uma gripe que demorou dois meses pra ir embora depois das duas chuvas que tomei.
Mas o resto da viagem correu bem (ufa!), só nos perdemos mais uma vez em Paris. Outro dia conto sobre isso.



Flávia e eu


Une petite note



Vi no shopping Estação que o filme Bel Ami logo vai estrear por aqui, então comecei a ler o livro de Guy de Maupassant no qual o filme é baseado. Bel Ami é Georges Duroy, um sedutor que quer ascender socialmente e para isso conquista várias mulheres. Ele seduzia só no século XIX, porque se fosse hoje...

"Ele tinha a palavra fácil e banal, encanto na voz, muita graça no olhar, e uma sedução irresistível no bigode que se desgrenhava sobre o lábio, crespo, frisado, bonito, dum loiro meio ruço, com uma nuance mais clara nos pelos eriçados das pontas".

The Good Girl


Minha irmã conseguiu (quase) todos os filmes da Jennifer Aniston, e como estamos em férias, decidimos assistir um deles ontem: The Good Girl. Ele foi feito em 2002, quando ainda curtíamos a Rachel de Friends, e a Jennifer conseguiu mostrar que poderia fazer algo sem que olhássemos para ela e víssemos apenas a Rachel. 
Esse é um drama verossímil, e que perturba um pouco, pois trata de questões sobre as quais nos sentimos desconfortáveis para discutir ou mesmo analisar. 
Jennifer Aniston é Justine, que trabalha numa loja de conveniência em uma cidade pequena norte-americana. Ela considera sua vida monótona e infeliz, sem sentido. É casada com Phil, um pintor que fuma maconha depois do trabalho, marido desligado que não a satisfaz. 
Holden, que também é escritor, passa a trabalhar na mesma loja e envolve-se com Justine, que encara-o como uma espécie de escapismo do seu casamento. Porém, as coisas começam a ficar complicadas quando Justine percebe que o amigo de seu marido sabe do caso dela com Holden, ela é chantageada, mais complicações surgem e ela precisa decidir se vai abandonar o marido para ficar com o rapaz ou encarar as suas frustrações e ser honesta com Phil.
O filme perturba porque a todo momento somos frustrados nas escolhas que fazemos, e queremos encontrar um escape, algo que nos livre das consequências das nossas decisões. Justine, a loja onde trabalha, o marido Phil, o amante Holden, e até mesmo suas colegas de trabalho possuem um correspondente no drama existencial das nossas vidas. 
Recomendo!

Nota 5/5.



domingo, 8 de julho de 2012

As intermitências da morte



Terminei de ler As intermitências da morte, de José Saramago.
Segundo a crítica, é um tipo descendente, pois nas primeiras 100 páginas é essencialmente Saramago, e nas próximas 100 é um lixo hollywoodiano. Não concordo. Penso que a obra toda é boa, não descende, ela apenas muda. 
Saramago podia dizer e escrever o que quisesse, porquanto tinha um Nobel para encher a boca e as mãos com o que quisesse contar ao mundo. 
Não compartilho das ideias e (des)crenças dele, mas se não se pode fazer melhor, melhor é ficar quieto e apreciar o que ele fazia com excelência.

sábado, 7 de julho de 2012

La délicatesse


Sábado à noite, em casa com a família, chuva, frio... o que faremos? Ver um bom filme, é claro!
Primeiro assistimos The Switch (nota 3/5), e depois o escolhido foi La délicatesse. Confesso que quis assisti-lo apenas porque a Audrey Tautou era a protagonista, mas tinha boas expectativas pela rom-com cliché que prometia ser. Mas quel déception! O filme começou bem, com a mocinha que conhece o mocinho num café, apaixonam-se, casam, e são felizes até que ele morre num acidente. 
A partir de então o filme vai ficando morno, morno, morno... Minha vontade era desligar a TV quando vi o aparelho mostrar que se passaram apenas 40 minutos, mas permaneci firme, pois minha mãe queria saber o que viria depois, se as coisas melhorariam. Uma hora mais tarde, as expectativas não foram superadas. 
Corri então para a internet para descobrir o que estavam comentando. Google: "la dèlicatesse critiques" e os resultados foram os mais diversos, mas todos mostram a mesma conclusão a qual cheguei. Não recomendo, mesmo que você seja fã da Audrey. Nota: 2/5.

Abaixo três citações da crítica:
1. Montreal Gazette: "Without offering up any grand revelations about love, or a particularly punchy storyline, this is a cute film that – like its unexpected romantic lead – charms its way into your heart despite its shortcomings."
2. Hollywood Reporter: "For a story about two 30-somethings who fall into an improbable and ultimately deep-seated romance, La Delicatesse (which translates to “delicacy” or “sensitivity”) also seems to take its title way too literally. Nathalie and Francois reveal only a hint of real physical attraction after their initial office smooch, and both of them seem hell-bent on maintaining a platonic relationship. This is perhaps the first French film in history where a date replete with good food, wine and a bit of heroism ends with both characters deciding, quite willingly, not to sleep together. Call it real love, or true fantasy."
3. Le Monde: "La mise en scène pioche ses idées aussi bien chez Jean-Pierre Jeunet que chez François Truffaut (pour ne citer que des sources avouables, mais on peut aussi penser aux comédie britanniques produites par Tim Bevan et Eric Fellner, genre Coup de foudre à Notting Hill), et cette indétermination finit par miner de l'intérieur un film d'une constitution délicate."

sexta-feira, 6 de julho de 2012


Um dos livros que mais gostei de ler até agora foi "Amor e Lixo" do Ivan Klíma. Quero comentar sobre o enredo e sobre o autor, mas vou fazer isso num outro post. Estou com um pouco de pressa, mas deixo aqui uma citação das mais marcantes para mim (são 6 páginas de citações ao todo):

"Por que as pessoas devem viver?
Vivemos porque existem muitos encontros à nossa espera pelos quais vale a pena viver. Encontros com pessoas que surgirão quando menos as estivermos esperando, e trocaremos com elas ternura, sabedoria ou amor. Ou então encontros com outras criaturas cujas vidas cruzarão com as nossas em um único e tímido olhar. Ou encontros com uma silenciosa manhã de Sol."

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O amor. Por vezes doce, avassalador, depois morno, até irônico, ou nervoso. Mas não falo de qualquer amor não. Tem amor verdadeiro, que dura, que suporta, que resiste. Ainda não vi amor assim nesse mundo. O que vejo é apenas o amor descartável. Um dia te amo, no outro nem tanto. Ano que vem te esqueço, e depois relembro. Mês que vem te substituo, na outra semana não vivo sem você. E no íntimo o amor é assim, e continua assim: ele começa, ele se esconde, reaparece, acaba, pra depois aparecer na mente e no coração de um terceiro. Acaso é amor, ou afeto passageiro? Será encantamento, pra depois fugir no meio da fumaça do (des)respeito?

Muitos chamarão isso de paixão. O que é o amor, afinal?



Ontem fui ao cinema assistir “Para Roma com Amor”, o novo filme do Woody Allen. Já tinha visto o trailer, sabia mais ou menos do que se tratava, mas Woody sempre me (nos) surpreende.
O filme começa com uma música que me traz muitas lembranças, momentos bons em restaurantes italianos, e foi com a cidade de Roma e “Volare” que me senti transportada do banco do cinema para dentro daquele lugar mágico.
Não vou fazer uma crítica ou análise do filme, até por que nem sei fazer isso com propriedade, quero apenas dizer o que senti.
Ver aquelas cenas lindas da cidade me fez desejar mais ainda conhecer Roma. Mas...
“Para Roma com amor” não é um título apropriado, ainda que seja uma tradução ao pé da letra do original “To Rome with love”. Por que não? Simplesmente porque não foi amor o que eu mais vi, mas relações amorosas frágeis que se corrompiam pela mancha da traição. Aliás, o adultério foi super banalizado. Disso eu não gostei. Por outro lado, as cenas cômicas e a satirização da fama e dos paparazzi deixaram os 110 minutos mais leves e curtos.  
E a moça que se perde a caminho do salão de beleza? Ah, tive múltiplos déjà-vus do dia que me perdi em Amsterdam. Mas nossas histórias terminaram bem diferentes hahaha outro dia conto sobre Amsterdam. Voltemos...
Quando o Woody entrou em cena, senti que estava vendo um avô (como se fosse meu) entrando na sala e eu morrendo de vontade de convidá-lo a sentar e tomar um café comigo, fazer uns bolinhos de chuva e ouvir suas infinitas histórias de como conheceu minha avó, a lua de mel na praia...
Do que mais gostei foi o dono da agência funerária cantando ópera no chuveiro, tanto porque era engraçadíssimo, como porque ele cantava muito bem.
Recomendo esse filme a todos, e para quem já viu, o que acharam?



O blog.

Criei este blog para registrar meus textos, fotos, opiniões e dicas de viagens, receitas, e mais coisas que surgirem nesse tempo...
A ideia foi da minha froomie (friend + roomie) Anelise Leopolski. \o/

Victoria, BC - parte 2

     Depois de visitar o Royal BC Museum  fomos à Christ Church Cathedral. A primeira igreja construída permaneceu intacta entre os anos de ...